We’ve updated our Terms of Use to reflect our new entity name and address. You can review the changes here.
We’ve updated our Terms of Use. You can review the changes here.

Mares da Indecis​ã​o [album • 2018]

by João da Ilha

/
1.
Adivinho, adivinho o futuro Pelas manchas, pelas borras do café Pelas linhas, pelos traços de uma Mãe E também, também pelas do pé Adivinho, o futuro adivinho Lançando pedras, e olhando búzios Virando cartas, atirando dados Uns confúsios, outros alucinados Ai… O futuro, o tempo que há-de vir Ai… O destino, segredos porvir O futuro, o futuro afinal Já o desvendei, numa bola de sabão Foi encontrado, no astro mais distante Também nos signos, duma folha do jornal O futuro, o futuro não será O que agora, o que agora é Pois o que a gente, que a gente sente Não é futuro, é o presente
2.
Eu vejo um novo rumo Por linhas quase esbatidas Porque destruí o muro Que as guardava escondidas Eu vejo o amanhã No tropeçar do dia Ao erguer da manhã Descubro um sol de profecia Renunciei ao mal de ontem Lá de um canto da memória Porque o mal de ontem não, Não importa, à minha história E para hoje ficou Tudo o que há, para fazer O ontem acabou O amanhã está-se a prever Eu vejo um novo rumo …Entre a persiana Eu destruí o muro Que me prendia a mente insana
3.
No castanho de teus olhos Assenta a terra do meu chão Se puder ainda escolho Mais cor para o meu… coração Lá vou eu enamorado Caminhando nessa terra Perplexo… ou encantado Com este amor, que se eterna Teu desejo leve e claro Em teu olhar desvendado Um universo diferente Num castanho, que me prende No castanho de teus olhos Assenta a terra do meu chão O castanho dos teus olhos Dá a cor ao meu coração
4.
Revelei-te o medo mais profundo A mais fraca parte, do meu mundo Sinto-me de novo a nascer De fina pele, e olhos por ver Estou como implume, sem penas exposto Com receio, marcado no rosto Carta não carta Mostras o que não consigo dizer Carta não carta Revelas o meu ser Revelei-te o que já não podia guardar A mais difícil parte, de mostrar Sinto-me todo vulnerável Por revelar algo, tão inimaginável Estou como alma, emergente de treva Que pergunta : “aonde isto nos leva?”
5.
O segredo da lua Traz a maré cheia Se a noite fosse tua Seria uma Sereia Da noite vem o dia Traz luz ao arraial Festas e folia E bravuras no final Há favas coadas Verdelho e malagueta Gentes bonitas Lá no largo da Serreta O encanto da ilha Tem o seu alento … A cantoria O Pezinho e o Espírito Santo Ai a ilha, e o seu encanto, Dormem comigo em meu leito Ai a ilha, e o seu pranto, Vivem comigo em meu peito Ai o fogo, ai o céu, ai a terra ilhéu do mar, Ai segredos que cá tenho por contar Ai a ilha, ai pedaço do meu ser, Esse bote, d’eterno navegar   O segredo do sol À lua “preguntei” Ao amanhecer No terreiro deslumbrei O sol no seu cair Deu vagar á noite N’adega o sorrir Nas verbenas o acoite À mesa Dona Amélia Em lábios de “Angelica” Romance de camélia Nos meus olhos fica O encanto da ilha Na bruma do seu espanto Traz verde esperança Alfenim e Espírito Santo
6.
Às vezes é sim, outras vezes não, São os mares da indecisão. Mergulha em mim, para sermos dois, Mas são tantas confusões. Mergulho em ti, ter-te só para mim, Sem saber se é assim. Um dia é sim, outro dia é não, Tanto nó no coração. Amar-te sem fim, deixar-te da mão, Navegar na solidão. Ficamos assim, sem terra nem chão, Neste mar de indecisão.
7.
Farsa 04:44
O mundo anda por aí a girar Tão veloz que não posso apanhar O mundo anda por aí a querer Tanto, tanto acaba a perder É um comboio, É uma estrela, É um mistério, É um destino… E o nosso mundo está a girar Cá dentro de uma caixa E o nosso mundo está a mudar Envolto numa faixa E o nosso mundo está a viver Entrudos numa praça E o nosso mundo está a crescer À custa de uma farsa O mundo anda por aí a esquecer Tanto, tanto que até custa a crer O mundo anda por aí a dormir Tão alheio, perde o sorrir É um comboio, É uma estrela, É um mistério, É um destino… E o nosso mundo está a girar O nosso mundo está a mudar E o nosso mundo está a viver O nosso mundo está a crescer E o nosso mundo está a girar O nosso mundo está a mudar E o nosso mundo está a viver À custa de uma farsa… farsa… farsa… farsa…
8.
Mão de Deus 03:01
Enquanto caía o mundo O escuro apoderava-se das ruas Fazendo guinchar o barro dos telhados Depois uma por uma Cada parede foi reerguida Num mar de revolta pelo antigo… Pequeno, o Homem Passa ao lado, despercebido, ninguém o elege Ele supera-se na sua, na sua sabedoria Sensatez sagrada seja a sua Pois pela sua Mão, nasceu o mais nobre Dos pecados É um bicho num labirinto Uma ferramenta nas mãos de Deus Dormindo um outro, um dormindo O outro mastigando o sempre Transformam pelo nada tudo E criam a água que nos purificará
9.
Esta ilha imensa Que vejo ao sonhar É um poço de magia, lá no princípio do mar É o céu na terra Um traço d’horizonte É a pedra viva, farol do negro monte E um novo dia No rumo do avião Devagar surgia, deu-me a razão Esta ilha imensa, que surge p’la manhã É uma surpresa, é um divã Onde eu me deito, para ver o pôr-do-sol Noite no meu peito, é o meu farol Quem a ilha encontra Faz do tempo solidão Vê o imenso azul profundo, sente a força do vulcão Quem a ilha ama Faz da esperança o seu guia É prisioneiro das ondas, Andarilho de folia E um novo mundo No amuro de uma Nau Devagar no fundo, deu-me a razão
10.
Eu sou do lugar, dos cheiros húmidos Do nevoeiro, e do morno da estação Sou do canto dos grilos, e do céu infinito Onde o quente nos queima, e o frio fere Eu nasci da terra verdadeira Onde os homens são pesados Nasci do choro e da tristeza Do lamúrio e do rancor Eu vim do mar manso, e do mar bravo Do calhau distante, e do sabor salgado Vim do negro da noite, e da calçada branca do luar Eu sou do mar manso, e do bravo mar Eu sou da terra da vida E hoje a vida cansou-me Que me carreguem aos ombros E me desçam para um fim
11.
Saudades da nossa gente Os nossos cantares A brisa dos mares Memória sempre presente Das praias de lava O quanto eu sonhava Saudades da minha terra Mesmo quando não me lembro Sentindo a toda hora O povo na praça Gente de raça Vivendo sem demora As festas de rua E as noites de lua Saudades da minha terra Mesmo quando não me lembro De Janeiro até Dezembro De Janeiro até Dezembro Mesmo quando não me lembro Saudades da minha terra
12.
Yin e Yang 02:59
São dois pólos numa vida Dois caminhos, muita ferida Há o norte e o sul, a noite e o dia São dois trilhos num passeio Muita escolha, muito enleio É o sol a lua, a luz e a sombra Tu és luar És do Yin, eu sou do Yang Eu sou do mar São dois gumes numa faca Os ciúmes, e a carne é fraca Há o céu e a terra, o tudo e o nada São dois lados numa história O meu e o teu, uma luta inglória É doce e amargo, coisa certa coisa errada

about

“Mares da Indecisão” tomou forma indeciso entre algumas canções absolutamente inéditas e outras mais antigas repescadas da gaveta criativa, em que me debruço sobre a ilha Terceira (as origens) e sobre Setúbal (o outro lar), e naturalmente sobre emoções decorrentes de vivências muito pessoais que resultaram num bucólico estado de indecisão: em decisão.

A direção musical manteve as premissas dos álbuns de canções anteriores, com composições originais numa fusão de música pop cruzada com influências de jazz, música do mundo, e a habitual inspiração da música açoriana em todo o seu espectro.

O álbum foi co-produzido por Vasco Ribeiro Casais (também encarregue das gravações), que ao implementar nuances de modernidade resultou num som mais arrojado, com mais exploração “elétrica” e mais variedade interpretativa em termos líricos. O coletivo musical passou a contar com os músicos Filipe José Silva e Manú Teixeira, que vieram acrescentar a sua sublime musicalidade e experiência.

credits

released October 10, 2018

.
Créditos:

Voz, guitarras acústicas • João da Ilha
www.facebook.com/joaodailha
Trompete, bandolim, coros • Filipe José Silva
www.facebook.com/filipe.grenha
Acordeão • Nuno Carpinteiro
www.facebook.com/nuno.carpinteiro.9
Baixo elétrico • Sandro Maduro
www.facebook.com/sandromaduro
Bateria, percussões • Manu Teixeira
www.facebook.com/manutx
Voz [faixa #6] • Joana Negrão (convidada)
www.facebook.com/JoanaNNegrao
Nyckelharpa [faixa #9], sintetizador [faixa #7, #10 e #12], guitarra elétrica [faixa #11] • Vasco Ribeiro Casais (convidado)
www.facebook.com/vascoribeirocasais

Produção e arranjos • Vasco Ribeiro Casais e João da Ilha
Gravação, mistura e masterização • Vasco Ribeiro Casais,
Estúdio dos Casais, Azeitão - Setúbal (entre Mar. e Out. 2017)
www.instagram.com/vascoribeirocasais

Fotografia • Rui Botas; Timothy Lima
www.facebook.com/ruibotasfoto
www.facebook.com/timmylimaphotographer
Vídeo • Pedro Semedo; Filipe Silva
linktr.ee/pedroesemedo
Arte gráfica e ilustração • José Dutra Branco
www.facebook.com/AzulArtist

Músicas e letras • João da Ilha, exceto:
Autoria da letra [faixa #1] • António Galrinho
Autoria da letra [faixas #8 e #10] • Miguel Ângelo Silveira
Co-autoria da letra [faixa #6] • Daniela Guilherme
Co-autoria da música [faixa #7] • Nuno Carpinteiro
Co-autoria da música [faixas #4 e #11] • João Ornelas Mendes

©℗ 2018 • João da Ilha

license

all rights reserved

tags

João da Ilha recommends:

If you like João da Ilha, you may also like: